sábado, 4 de abril de 2015

04-04-2015 luto

Hoje é mais um dia cinza aqui na alemanha. E um dia negro nos sentimentos. Sim, minha bisa faleceu hoje a pouco. Nós não éramos muito conectadas, ela vivia no interior do Ceará, eu na capital, Fortaleza. Mas sempre que ela ia a Fortaleza, eu apreciava muito sua presença. Uma nanica de um metro e pouco de altura que nunca parava quieta. Sempre falando, rindo e fazendo alguma coisa. Ou melhor: fazendo as três coisas juntas. É doloroso ver figuras no facebook e ainda é mais estúpido o fato de que tudo parece tão normal. Essa frivolidade de não saber o que sentir. Tem que ter um sentimento nisso tudo. Tem que incomodar com tristeza, raiva, whatever. É saber que a pessoa nunca mais vai aparecer perto. É saber o valor da perda.
Essa passividade de assistir a morte e dizer: ''ahh, esse é apenas o curso natural da vida''...
E é. Mas onde entra a a parte que a gente esperneia e se descabela? Onde está a parte que a gente se debate e levanta o dedo do meio contra a morte?
Eu não sei o que dizer. Nem mesmo o que sentir. Mas talvez isso tudo não seja sobre sentir-se culpado ou coisa do tipo. Talvez isso seja simplesmente de lembrá-la. De manter quentinha de um aconchegante modo todas as lembranças que eu tinha dela. Essa senhora de oitenta e poucos anos que viveu tanto. Que perdeu a filha (minha avó) tão nova; e perdeu o marido, tendo que viver os últimos anos de vida sem a sua doce companhia. Que vivia deslocando-se do sertão semi-árido que ela tanto amava para a capital apenas por questão de saúde, porque os governadores safados (desculpe a não polida palavra, mas eu realmente não tenho uma outra) simplesmente são corruptos demais pra pensar nos outros. Essa mulher que viveu-muito mais que existiu- por quase um século de vida e deu origem a toda nossa família. Sim, uma matriarca. Uma das boas. Que inunda o nosso coração de saudade e os nossos olhos de lágrimas.

Vá em paz, bisa.

Eu a amarei eternamente,

Thaíza

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